Glimpse um fork improdutivo

Para começar este texto, reproduzirei uma das melhores citações já feita por Linus Torvalds, ela define a essência do universo Open Source na minha opinião.

Talk is cheap. Show me the code.

Nós podemos traduzi-la para "Falar é fácil, me mostre o código." guarde esta frase na memoria. Desde o dia que me interessei pelo universo Open Source até os dias de hoje perdi a conta dos inúmeros forks já criados, mas para mim isso pouco importa, afinal esse é só mais um dos direitos que você simplesmente adquire ao utilizar esse tipo de licença. Para quem desconhece, um Fork é uma versão derivada de algum Software Livre, que tende e/ou deveria seguir um caminho diferente da versão oficial para atender as necessidades de seus usuários.

Em 2019, o GNU Image Manipulation Program (GIMP) foi bifurcado no Glimpse, este surgiu alegando motivações de virtudes morais para alterar o nome GIMP, um projeto antigo iniciado em 1995. A urgência imediatista e ideologicamente justificada de SJWs que pregam sobre a dicotomia do bem e do mal, representando por conta própria o desejo de "bilhões" de pessoas incomodadas sobre a grave necessidade dessa mudança. Como sempre "eles" supostamente falando em vosso nome, para ter uma noção do modus operante, basta uma simples busca no Google sobre o mapa múndi trágico, assim mortais como nós que habitam outro bloco de países podemos ter a ideia geral do quão urgente é essa clamada "causa" e como ela aflige toda a raça humana.

Dois anos depois, para a surpresa de ninguém o projeto entrou em hiato e o repositório Git foi arquivado. Basicamente era uma bifurcação sem uma comunidade existente de colaboradores e isso não foi suficiente para sustentar o projeto. A equipe Glimpse era regularmente atacada por criar o fork, muitas das vezes com razão, pois negligenciaram créditos, fizeram subentender que melhorias feitas no programa foram feitas por eles e não pelos desenvolvedores do GIMP, foi natural que as coisas tenham seguido dessa forma, principalmente revendo matérias e mensagens de anos atrás. Glimpse definitivamente foi uma bifurcação com intuito moral / político desde o início, pois não mostrou nada do que foi prometido posteriormente, o quão relevante é a criação de um fork por um simples mero capricho?

Não me recordo de nenhum software de código aberto que causou tanta polêmica e foi planejado da forma como foi apresentado. Ele era idêntico ao GIMP em todas as formas, com exceção do nome alterado e de um ícone diferente. Nunca é bom ver um projeto morrer, mas para ser honesto, é um fork irrelevante que se iniciou ao polemizar o nome do programa que lhe deu origem. Já fui muito ativo na comunidade GIMP por muitos anos com ajuda de outros colaboradores, produzimos tutoriais, guias, fanzines, participei de fóruns, indiquei profissionais, forneci materiais de apoio para professores de escolas de periferia com alunos em situação de risco. O Open Source não merece se apequenar em frente a gente que não enxerga projetos que funcionam em nível mundial, que atingem pessoas com problemas reais em toda parte do globo e que as beneficiam de forma incomensurável. GIMP é um programa que foi disponibilizado para toda humanidade e que tem contribuições enviadas do mundo todo.

Recentemente, li um comentário pertinente na internet que resume muito bem este e outros tantos casos ou ainda como funciona a índole de muitos destes ativistas.

Essas pessoas não querem se dedicar ao trabalho, muitas vezes carecem de habilidades reais, tudo o que querem fazer é criar problemas, causar drama, criticar os outros, sequestrar projetos, promover agendas ideológicas e queimar tudo em nome da sua cruzada pessoal.

Em tempo, nunca achei que GIMP é um bom nome para o programa, mas dizer que nomenclatura é uma ofensa é ridículo, reunir pessoas para gerar volume e intimidar colaboradores no repositório para forçar a troca de nome é um ato patético. Tenho certeza de que os desenvolvedores do GNU Image Manipulation Program nunca pretenderam que o nome de seu software fosse qualquer tipo de ofensa, definitivamente não há qualquer evidência que indique que a nomenclatura do software criado décadas atrás foi feita com qualquer intenção negativa.